segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Literatura africana: A identidade e esperança angolana nas poesias de Agostinho Neto

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Literatura africana:
A identidade e esperança angolana nas poesias de Agostinho Neto


Para conhecer a literatura angolana, é preciso conhecer a poesia de Agostinho Neto. Nascido em Catete, Angola, em 1922, Agostinho Neto faleceu em 1979. Fez seus estudos primários e secundários em Angola. Licenciou-se em Medicina pela Universidade de Lisboa. Sempre esteve ligado à atividade política em Portugal, onde fundou a revista Momento com Lúcio Lara e Orlando de Albuquerque em 1950. Como outros escritores africanos, foi preso e desterrado para Cabo Verde.

"Poeta da hora revolucionária, combatente da luta anticolonial, primeiro presidente da República Popular de Angola, sua obra, ultrapassando os limites da história literária, confunde-se com a própria história recente do país. Condicionada pelas dificuldades do momento em que foi escrita, tanto a construção, quanto a publicação desta obra se dão de forma esparsa e irregular..."("Agostinho Neto: o lugar da poesia em tempo de luta" de Dalva Maria Calvão Verani in África & Brasil: Letras em laços. Org. de Maria do Carmo Sepúlveda e Maria Teresa Salgado. RJ: Ed. Atlântica, 2000)

Sua obra poética pode ser encontrada em quatro livros principais, que ainda não têm edições brasileiras: Quatro Poemas de Agostinho Neto (1957), Poemas (1961), Sagrada Esperança (de 1974 que inclui os poemas dos dois primeiros livros) e a obra póstuma A Renúncia Impossível (1982).
A poesia de Agostinho Neto é uma poesia engajada que apresenta as imagens poéticas das vivências do homem angolano. Mas ele não fala só do passado e do presente, mas também da busca, da preparação do futuro.

Amanhãentoaremos hinos à liberdadequando comemorarmosa data da abolição desta escravaturaNós vamos em busca de luzOs teus filhos Mãe
(todas as mães negrascujos filhos partiram)
Vão em busca de vida.("Adeus à hora da largada" do livro Sagrada Esperança)
A poesia de Agostinho Neto fala da necessidade de lutar, de sonhar, de lutar pela independência. É preciso lutar por uma nova Angola, reconquistar a identidade angolana apesar da presença do colonizador.

"A poesia de Neto traz o reconhecimento de que nunca se está só, de que não se pode ignorar a presença do outro, mesmo que o outro reduza suas possibilidades de ser. O outro, nas palavras de Agostinho neto, mistura-se ao Eu-angolano, define-o, mas não lhe rouba as origens. Antropofagicamente, o outro é assumido, compondo a imagem autêntica do ser angolano contemporâneo: ser África porque, ' calibanescamente', o outro - que historicamente determinou os desvios da cultura originária angolana - se fez presença no corpo de Angola. Ser África dos caminhos entrecruzados, mas fazer-se África."("O Eu e o Outro em Sagrada Esperança" de Marcelo José Caetano - Caderno CESPUC de pesquisa PUC - Minas - BH, n.5, abr.1999)

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